Uma Ceia Judaica que remete aos últimos dias antes da Paixão de Cristo
Juliana Neves – Coordenadora Pascom Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, Ourinhos-SP
No primeiro dia do mês, 1, foi realizado o Hagadá, ou Ceia Judaica, no Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Ourinhos-SP. Um momento que relembra a Última Santa Ceia de Jesus Cristo, recordada na quinta-feira Santa. Período em que o Filho de Deus instituiu a Eucaristia e o sacerdócio.
O evento era aberto ao público com venda de convites por R$35,00. Na entrada, as pessoas já foram recepcionadas com a entrega de um véu para as mulheres e um quipá para os homens. Tudo em tons de lilás, roxo e dourado. As mesas estavam dispostas por todo o Salão de Festas e podiam se sentar onde queriam. Somente a mesa principal era para o padre, o comentarista da noite e os leigos que fizeram o papel de uma mãe e a pessoa mais nova do recinto.
Com um leve atraso, o Hagadá foi iniciado às 19h44. Quem achava que era somente um jantar, se enganou. É uma ceia com um ritual poético e único, para que cada ser humano possa sentir, o mínimo, o que Jesus sentiu e pensou naquela fase de sua vida.
Fez parte do ritual diversas orações em comum e outras somente o padre Bennelson da Silva Barbosa, pároco do Santuário, além de servir quatro vezes uma pequena dose de vinho (cada uma recebia um nome e um conceito/significado), ingerir erva amarga com a mistura de uma salmoura, doce específico, pão sem farinha e tantos outros itens alimentícios. Além disso, foram lidos trechos da Bíblia para exemplificar com clareza o que era Ceia Judaica em que todos estavam participando da reprodução.
Todo o momento foi composto por música e oração, além das bençãos especiais do sacerdote antes de servir o vinho e outras apresentações. E foram dois momentos os auges da noite. O primeiro foi a coreografia judaica como sinal da comemoração da libertação do povo de Deus do Egito; e o segundo quando entrou o cordeiro. A tradição prega que deve ser macho, novinho e ser preparado sem quebrar os ossos. Tudo aconteceu conforme o “script”.
Então, depois de um longo tempo de oração e meditação, foi servido a ceia. Havia dois carneiros, um temperado e outro sem tempero (como deve ser) e frango para aqueles que não se alimentam da carne. Bem como arroz branco e salada. A sobremesa foi melancia e sorvetes de creme e flocos.
Cerca de 30 minutos a duração do jantar e, em seguida, o ritual continuou. Ainda tiveram mais momentos de orações e música e uma rápida encenação da Última Ceia, com poucos diálogos. Inclusive, o grupo musical era de outra Paróquia que se dispôs a ajudar neste marco histórico do Santuário.
“O Hagadá foi muito importante e satisfatório. Foi proporcionado a toda a comunidade a sentir e pensar o que ocorreu com Jesus Cristo em seu tempo. Sentir de leve o sofrimento e a sua angústia e tristeza ao saber o que estava para acontecer, para ser feito, segundo a Escritura. Tenho certeza de que quem participou não vai esquecer, jamais”, comenta o padre Bennelson.
“Uma experiência diferente, nunca vivi antes. Fazer o papel de uma mãe, quiçá da Virgem Maria em algumas etapas de todo o ritual, é algo de extrema alegria e gratidão para mim. Ter estas oportunidades no nosso meio religioso é maravilhoso, nós aprendemos cada vez mais sobre a nossa religião e nos apaixonamos constantemente”, fala Angelita Bonifácio, a leiga que fez o papel de uma mãe durante a Ceia Judaica.
De fato, o povo opinou em como foi algo diferenciado, nunca visto e vivido antes no Santuário, que eleva a Fé e a espiritualidade. Um evento desta magnitude, em período de encerramento da Quaresma e início do Tempo Pascal, não tem igual. Viva o Filho de Deus!