A devoção ao Sagrado Coração de Jesus, nos ensinamentos de São José Marello

Estamos no mês de junho, e nada mais oportuno do que fazermos memória à devoção ao Sagrado Coração de Jesus, inspirados no testemunho de São José Marello, fundador da Congregação dos Oblatos de São José.

O Sagrado Coração é a fonte do amor de Jesus, e se alcança a caridade divina somente com a graça do Espírito Santo, afirma Marello (Cfr. S.184). E ainda, contemplando o sangue de Cristo na Cruz, alegou: “em sua agonia, o Senhor dizia: ‘quae utilitas in sanguine meo?’ pois compreendia que o seu sangue derramado teria sido inútil para muitas pessoas. Peçamos que ele o faça útil para nós e que nos faça participantes dos seus méritos.” (S. 178).

Pois bem, no dia 10 de Junho de 1888, era a festa do Sagrado Coração, e Marello pregava assim na comunidade religiosa de Milliavacca: “Poderia ocorrer-nos por vezes o pensamento que nossos lábios são indignos de louvar esse coração e que deveriam fazê-lo outros mais dignos do que nós; mas não devemos dar ouvidos a essa tentação. Quando o louvor parte de um coração amante e desejoso de fazer algo agradável a Jesus, é sempre aceito. Por isso, repitamos amiúde a bonita jaculatória: ‘doce coração do meu Jesus, fazei que eu vos ame sempre mais’ a fim de que, amando-o ardentemente, possa também louvá-lo dignamente (S.316).

Destacamos aqui aquele “sempre mais…” que nos une a Deus e entre nós, mais do que nós pensamos. Para o Marello, o Sagrado Coração era objeto contínuo de meditação. Explicava em data de 9 dezembro de 1888: “A Igreja, saída do coração de Cristo, quer que nós o conheçamos e o amemos.”. E Bice Graglia, uma de suas filhas espirituais, anotava em 15 de Junho de 1889, na partida do Fundador para Acqui: “Recebemos do nosso bom Pai os últimos conselhos, as últimas lembranças, e trocamos entre nós a promessa de rezar sempre uns pelos outros, conservando-nos sempre unidos no Divino Coração de Jesus” (S. 238). E à Irmã Albertina, escreveu: “Quando sentimos o coração endurecido e o espírito cheio de ira, vamos buscar um pouco de doçura no Coração de Jesus” (S 176).

Ademais, a mesma Irmã Albertina anota de uma homilia do santo: “Pois bem, ofereçamos a Jesus o nosso coração todo inteiro e Ele, colocando-o dentro do seu coração, consumará dele tudo o que for mau, purificando e aperfeiçoando tudo o que tiver de bom” (S.317). À Bice Graglia, aconselhava em janeiro de 1889: “procuremos reparar e consolar um pouco o nosso querido Jesus das faltas, dos insultos e dos ultrajes, que recebe continuamente dos pecadores. Excitemo-nos à santa emulação nesse honorável oficio da reparação, e Jesus será assaz reconhecido para conosco, cumulando-nos dos seus favores e das suas graças” (S.223). No mesmo ano, em 5 de abril, Bice escreveu: “Amiúde levemo-nos espiritualmente para assistir a agonia mortal do Coração de Jesus e experimentemos confortá-lo com o nosso ardente amor. Unamos ao copiosíssimo, precioso e real derramamento de sangue de nosso Jesus, o pobre e mesquinho derramamento místico do sangue que jorra do nosso coração nos momentos de sofrimento, e este, de pobre, mísero e mesquinho, torna-se rico, abundante e precioso aos olhos de Deus” (S 230).

Marello também falou à uma confraria fundada em sua época, as Filhas de Maria, exortando-as: “Vocês estarão no mundo, mas os seus ouvidos não escutarão as vozes e os discursos do mundo, as blasfêmias e as impiedades dos homens, e ouvirão já os cânticos dos anjos que as chamam consigo; e mesmo se as escutarem, será apenas para oferecer-se vítimas de reparação à honra de Jesus vilipendiada” (S. 354-355).
Enfim, poderíamos citar tantos outros testemunhos, mas deixamos aqui algumas frases para que sirvam como conteúdo de meditação neste mês, dedicado ao Sagrado Coração e à Eucaristia. Que a Virgem Maria e São José também intercedam por nós, e nos conservem unidos a Jesus.

Equipe do Centro de Espiritualidade Josefino Marelliana