CHAMADO, RESPOSTA, CORAGEM: A VOCAÇÃO DO POSTULANTE LUIS CARLOS SILVA

Em meu chamado não tem nada muito extraordinário. Eu me lembro que no ano de 2017, na minha paróquia de origem, paroquia São João Evangelista, nós passamos a Quaresma inteira nos preparando e organizando todos os momentos celebrativos daquele tempo.

Organizamos toda a procissão, da Capela Nossa Senhora das Graças até a paróquia. Chegando lá, todo o povo da comunidade entrou, ficando só o padre para entrar por último. O momento da entrada do padre me chamou muito a atenção, pois vi o Cristo entrando dentro da paróquia naquele momento, e me veio naquela hora uma vontade de ser padre, mas logo passou. Eu também estava trabalhando; então, trabalho pode nos tirar o foco às vezes.

Porém, em 2018, reacendeu aquela chama do chamado em mim. Então, eu decidi procurar meu pároco, Pe. Júlio na época (hoje ele é bispo auxiliar em Minas Gerais). Expliquei para ele tudo o que estava acontecendo, o que eu estava sentindo e passamos o ano todo fazendo um acompanhamento.

Logo no início do ano de 2019, eu decidi que queria entrar no seminário. De início, ele me enviou para um seminário na cidade de Brasília, no qual participei de três encontros vocacionais. Mas não senti que era o lugar no qual estava sendo chamado. Voltei e conversei com o padre; ele me perguntou se eu gostava dos franciscanos. Respondi que gostava. Dado isso, ele pediu para que eu procurasse os Capuchinhos, de Brasília. Então, procurei e, depois de um dia todo de convivência, percebi que não era lá meu lugar.

Depois disso, fui novamente até o meu pároco, e notamos que, dentre todas as nossas conversas, eu me mostrei muito apegado a São José. Ele me falou para procurar uma ordem ou alguma congregação que fale de São José ou que viva o carisma de São José.

Assim, em maio de 2019, entrei em contato com o Padre Marcelo Rodrigues Ocanha, da Congregação dos Oblatos de São José. Falei para ele que já tinha 33 anos, que gostaria de ser padre e queria saber se ainda havia a possibilidade. Alguns dias depois, o Padre Marcelo entrou em contato comigo, e, deste dia em diante, nós começamos a conversar. Ele me convidou para fazer o discernimento vocacional online, por causa da pandemia na época.

No ano de 2020, nós começamos os encontros e foi muito bom, porque eu não conhecia o carisma. Fui conhecendo as pessoas, a forma de vida. Mas o que me encantou muito foi um dia em que eu estive no encontro presencial, em novembro deste mesmo ano, no seminário Pe. Magnone, em São Paulo (SP). Pois, aí eu conversei com os Padre Edson, Marcelo e Nelson, e fiquei na cidade mais alguns dias após encontro. Por outro lado, interessante foi quando eu saí de casa, de Brasília, falando para minha família que eu ia fazer um curso da empresa para trabalhar, mas só minha mãe sabia que eu estava fazendo esse encontro vocacional. Após o encontro, fui convidado pelo padre Marcelo para fazer a experiência no seminário, no ano seguinte. De pronto eu aceitei; porém, não sabia como iria explicar para os meus irmãos e minha família toda que eu iria para o seminário. Desse modo, em Brasília, no domingo que voltei, estava toda a família reunida na casa da minha mãe, e começaram os questionamentos para onde eu tinha ido, o que eu tinha ido fazer, com quem e por quê. Nessa hora, eu falei que entraria no seminário. Levantei-me da mesa, fui tomar água e a família toda ficou com uma cara de espanto. Alguns começaram a me julgar, por considerarem que estava abandonando a minha mãe, pois eu era o único que tinha que ficar com ela, porque eu era solteiro, dentre outros porquês. Mas não desisti. A partir desse dia, comecei a sofrer muito com as investidas da família para que eu desistisse.

Quando chegou o dia 14/02/2021, viajei para Cascavel (PR), onde daria início ao meu aspirantado, na Congregação. Quando fui avisar que tinha chegado, descobri que tinha sido excluído do grupo da família. Isso me doeu muito o coração, pois não tinha para quem avisar da minha chegada. Eu liguei para minha mãe com medo de ela também não responder, mas, graças a Deus, ela atendeu. Ela me perguntou se agora eu estava feliz. Respondi que gostaria de estar feliz, mas era difícil ver ela sofrendo. Contudo, acrescentei que ela precisava entender que era o meu chamado e eu precisava viver esse momento.

Em Cascavel, foi muito bem acolhido, pelo Padre Paulo Sérgio, meu formador o Frei Matheus, nosso assistente, e os meus irmãos de comunidade, Luis Nicolas e Charles. Depois de três meses, comecei a receber algumas mensagens da minha família, dos meus irmãos perguntando como eu estava e dizendo que sentiam saudades. Depois, fui adicionado ao grupo da família novamente. Aquilo me emocionou mais, porque eu senti que eles começaram a compreender a minha escolha de vida.

Hoje, já faz 3 anos que estou na Congregação. Quero viver muito feliz a minha vocação e o meu chamado. Espero, em Deus, concluir as etapas necessárias para chegar à vida religiosa e ao presbiterato.

Moro em Curitiba desde o ano de 2022, e percebo que “vocação” é um sim que, muitas vezes, vai doer, nos fazer chorar e ficar com saudades, mas também é cheio de alegrias. A promessa de Deus, dos “cem vezes mais”, nunca falhou. E término com uma frase de nosso pai fundador, São José Marello: “uma vez fixada a meta, ainda que o céu venha abaixo, é preciso olhar lá, sempre lá” (L10).

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