Prezados Oblatos Irmãos, Padres, formandos, Leigos Josefino-Marellianos e Missionários.
Celebramos a Páscoa, a passagem de Jesus da morte para a vida. Todos os anos nós o faze-mos, como todos os anos também comemoramos aniversários e outras datas. Embora a Páscoa pareça ser a mesma coisa sempre, na realidade é sempre algo diferente, pois nós também estamos sempre diferentes. Ou estamos melhores ou piores: iguais, nunca! Então, eu me pergunto como estou hoje, neste ano? Quais experiências favoráveis e desfavoráveis contribuíram para minha transformação?
A Páscoa é uma transformação e, ao mesmo tempo, um convite para a minha própria transfor-mação. Ela não é um teatro, mas um evento que deve ser por mim experimentado. O Tríduo Pascal é, todo ele, a celebração da Páscoa, da passagem, da transformação do Senhor. Um colega Presbítero, certa vez, insistia que cada dia do Tríduo Pascal era algo separado um do outro, o que não é verdade. Desde a Quinta-feira Santa da Ceia e do lava-pés, passando pela Sexta-Feira Santa da Paixão e Morte do Senhor até a Vigília Pascal, tudo é Páscoa, tudo é a passagem do Senhor. A pedagogia da Igreja, assimilada em centenas de anos, é expressa de modo claro e processual, orgânico, nos ritos do Tríduo. Um grande problema é quando nossa verborragia, nosso excesso de palavras encobre a linguagem do Símbolo, da imagem, do cheiro, do toque, do sentimento que isso tudo desperta.
A Páscoa deste ano de 2023 nos encontra diferente que aquela do ano passado, e isso por muitos motivos, de modo especial, porque somos diferentes, ano após ano. E devemos olhar para nós e nos perguntar se permitimos que a Graça tome nossa inteligência e afeto, ou se ainda os temos pre-enchidos pelo nosso ego, nossos caprichos e opiniões. É difícil para um ególatra, e eu conheço alguns muito perto de mim, difícil para alguém assim permitir-se uma transformação, viver uma verdadeira Pás-coa. Alguém deste jeito pode até exigir que outros vivam o fato, mais ele mesmo não experimenta o Mistério em sua vida, pois continua se autoafirmando e lutando para que tudo seja do seu jeito, de seu modo, sob seus caprichos.
Mas é um caminho que fazemos, e podemos refazer, reaprender e recriar. Isso é encantador na Páscoa: um novo começo. Não é à toa que o oito é o número da Páscoa. Sim, pois trata-se do “oitavo dia”, que em uma semana coincide com o primeiro dia da semana anterior. É o novo começo, a retoma-da do tempo da criação, que aconteceu, no relato bíblico de Gênesis, em sete dias. O oitavo é o dia da recriação, da Ressurreição, da História que é salva pelo Cristo Senhor. Espero que possamos entender um pouco isso tudo. Feliz Páscoa para todos!
A todos, Graça e Paz!
Pe. Mauro Negro, OSJ
[email protected]
[email protected]